Apesar de eletrizante e emocionante, 'Amor e Revolução' não convence

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“Senhor Deus dos desgraçados, dizei-me se é loucura ou é verdade.” Antonio de Castro Alves. Que poderíamos aplicar tranquilamente na situação que vivemos no atual cenário televisivo do país.
Sabe aquele lado negro da história que qualquer um tem pavor em comentar? O SBT deu a mão à palmatória, ofereceu a cara pra bater e quebrou o protocolo: uma novela pautada toda ela na ditadura militar que o Brasil viveu entre os anos 60 e 80. “Nenhuma outra emissora jamais teve coragem de mostrar”, ilustrou com extrema perfeição José Messias.’Amor e Revolução’ veio para quebrar todos os paradigmas.
O que aconteceu nos porões do país enquanto se mostrava na TV carnaval e festa? Qualquer pessoa que freqüentou algumas aulas de história no ginásio colegial sabe a resposta: tortura, morte, pancadaria, dor e sofrimento. Mas saber e ter coragem de mostrar são coisas completamente diferentes. Coragem de dizer verdades em um país que se fundou em concretos de mentira.
Esse horário tem poder: 22h15. Começaram nesta mesma hora ‘Ribeirão do Tempo’ e ‘Divã’. No twitter, todos iniciaram as reclamações sobre a emissora de Silvio Santos, alegando que tinha que ter DNA no Ratinho, para entregar com boa audiência para a novela de Tiago Santiago. Não adiantava mais discutir táticas de guerrilha àquela altura, a sorte estava lançada.
Com 15 minutos de atraso (pra variar), começou Amor e Revolução. A primeira cena foi ação e adrenalina pura, um grupo de extermínio aos comunistas soltava frases do tipo “comunista bom é comunista morto” e acelerava o coração de quem assistia.
Na tela da televisão aparecia o aviso dizendo que a novela era para maiores de 14 anos de idade. Mas a cena de sexo exibida pelo SBT merecia um horário mais adequado. Os seios da atriz Fátima Freire, que interpreta a mãe da protagonista Maria Paixão, ficaram escancarados para quem quisesse ver e, como se não bastasse, seu companheiro de cena, usava-os, como em filme pornô.
Aliás, o Tiago Santiago não deve ser muito criativo: Maria Paixão e José Guerra nos lembram Ana Raio e Zé Trovão. Não dava pra pôr nome de gente normal nessas criaturas?
Os minutos se passavam e o SBT não atravessava os 8 pontos no IBOPE na grande São Paulo, ficando atrás de Ribeirão do Tempo, que já estendia-se dois dígitos. No Rio de Janeiro, a novela da Record fisgava a liderança da Globo, enquanto que em Brasília e Recife Amor e Revolução chegou chegava a liderança às 23h10. Entretanto todos esperavam mais, assim uma música de fundo com o nome de ‘frustração’ pairava no ar.  Por falar em som, a trilha sonora da nova novela do SBT estava impecável, como prometeu o autor. Cálice, de Pitty; Alegria, Alegria – Caetano Veloso; Domingo no Parque – Gilberto Gil; Nossa Canção – Veja deram um tom especial à noite.
Enfim, Amor e Revolução não ficou devendo. Mas sabe aquele gostinho que fica na boca após comer um pedaço de ovo de páscoa? Pois é, esperávamos um pouco mais, mas só um pouco.
In memoriam Sérgio Madureira.
Por: Breno Cunha

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