CRÍTICA: Marcelo Serrado brilha com o Crô de ‘Fina estampa’

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No ar em “Fina estampa” como o mordomo Crô, Marcelo Serrado está de volta à Globo depois de uma passagem bem-sucedida pela Record. É um caminho único, já que Gabriel Braga Nunes, que pegou o mesmo trem, teve um momento como vampiro em “Mutantes”. Marcelo manteve o currículo longe das derrapadas. É claro — e necessário ressalvar — que uma derrapada não desmerece o talento de ninguém, apenas fica o registro.
Voltando à vaca fria, Serrado estreou na extinta TV Manchete em “Corpo santo”, em 1987, mas ficou conhecido mesmo fazendo novelas e minisséries de Gilberto Braga. Em 1990, atuou em “O dono do mundo”; em 92, em “Anos rebeldes”; mais tarde, em “Labirinto”. Trabalhou em diversas produções na Globo e em papéis de destaque, mas nunca chegou a protagonista. Seu desempenho era bom, mas brilho mesmo ele demorou a mostrar. Em 2006, ele não só mostrou, como esbanjou. Aconteceu quando ele interpretou um delegado em “Vidas opostas”, novela de Marcílio Moraes escrita na Record. Foi uma virada. Depois, Serrado gravou “Mandrake”, série do HBO, igualmente com bons resultados.
Ele já tinha provado que sabia fazer o mocinho e o bandido. Faltava uma incursão pela comédia. Daí a curiosidade em conferir como ele vai se sair como o empregado fiel de Tereza Cristina (Christiane Torloni) no folhetim de Aguinaldo Silva. O personagem é afetado, mas Serrado vem usando gestos contidos e mantendo o tom de voz sob controle. A grandiloquência fica por conta da caracterização — um topete enorme e figurino beirando a caricatura. Crô também possui um vasto repertório de expressões alusivas ao antigo Egito para reverenciar a patroa: Rainha do Nilo, Pitonisa, Nefertiti etc. Fez dois arranjos de flores logo no primeiro capítulo. Desfilou pela praia com dois cachorrinhos pouco discretos. Apesar dos trejeitos e da aparente alegria, há uma boa dose de sofrimento e espírito de manipulação no personagem. Serrado sabe disso. Crô é interessante porque admira aquela que o faz sofrer. Por esses conflitos silenciosos e também por seu potencial de humor, o jogo entre ele e Torloni pode render ótimas cenas.

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